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"PARA A LAURA - Histórias de uma Gata"





Cap. 8: A minha chegada

Capitulo 8: A minha chegada


2004, Agosto dia 20, ano chinês do Macaco, perante um pedido de SOS por parte da nossa salvadora, à minha dona, no sentido dela acolher um de nós, pois como bem te lembras ela já tinha muitos gatinhos e visto nunca mais aparecer um bom dono para ficar com mais um de nós os três - tendo tu, nesta altura, já sido adoptada - a minha dona lá se resignou e foi até lá para trazer um gatinho. Diz ela que não foi capaz de escolher de entre nenhum de nós os três, e eu sou testemunha disso mesmo, pois fui eu que fui ter com ela. Tal como tu havias feito da vez em que ela foi a casa da nossa salvadora para escolher uma gatinha a pedido dos seus clientes quando eles decidiram adoptar um de nós e lhe pediram para ser ela a escolher. Quando chegamos a casa, ela virou-se para o dono e disse: -“Não sei o que trago se é menina ou rapaz”. E pegando-me ao colo mirou-me de baixo para cima. Depois voltou a colocar-me no chão e voltando-se novamente para o dono disse-lhe: - Calhou-me uma menina, toda preta, linda e fofa. Que sou eu, Laura. Até aqui, parece todo normal não é verdade, pois daqui para a frente é que vão ser elas. Cheguei eu, começou a confusão. Mas eu não fiz nada!... A minha sorte é que a dona está sempre a desculpar-me, diz, que eu sou muito nova ainda, e também, diz ela, porque astrologicamente falando sou Macaca. Tal como tu, os manos, a nossa salvadora e a tua dona, também. No nosso caso é por termos nascido em 2004, que segundo o horóscopo Chinês foi o ano do Macaco. O horóscopo chinês muda de doze em doze anos, por isso é que a nossa salvadora e a tua dona também são do mesmo signo apesar de termos todos idades diferentes. Mas que grande macacada mana. A minha dona também, mas só no signo ascendente, pois ela é Gato – que mais poderia ser? ... O meu signo solar é Carneiro, que segundo a dona é o das eternas crianças. O explorador, o destemido o guerreiro. Daí, que, já ouvi ela dizer, muitas vezes, que tenho grandes hipóteses de vir a liderar o grupo, isto, se me mantiver sempre uma boa gatinha. Porque para a dona capacidade de liderança exige coragem e lealdade. Um líder elege-se pelo respeito e não pela força. Está-nos sempre ela a dizer. E a prova disso foi a minha entrada deveras triunfante quando cheguei cá a casa. Mal coloquei as minhas quatro patinhas, dentro de casa, ou seja, no momento em que abriram a porta da transportadora em que eu vinha para que pudesse começar a conhecer a casa a primeira gata com que me cruzei foi a Fôfa, a chefe do grupo. Hoje em dia, devido à cegueira, a Fôfa perante algo desconhecido, - para ela o meu cheiro era totalmente novo - reage rosnando e eu, perante tal assopradela, com os meus poucos cinco meses de idade defronte os onze anos da Fôfa mantive a calma e a única coisa que fiz foi levantar a minha patinha em frente e coloca-la na boca dela. A Fôfa calou-se e eu continuei a minha investigação pela casa fora. Mas como te estava a contar a minha chegada veio destabilizar tudo, cá em casa. A minha dona - como tu bem sabes, pois agora, também tu és uma das suas clientes, - é, no Verão, altura por excelência de férias para os humanos que ela tem mais trabalho no Apoio Domiciliário a Animais, ora para além de um grande cansaço que já trazia acumulado de ao longo do ano, mais o desalento da perda da sua querida Chiquita e visto não poder ausentar-se para lado nenhum, pois as férias são a altura de maior volume de trabalho, tinha resolvido dedicar os seus poucos tempos livres às suas queridas gatinhas - mais ainda a Chiquita tinha-a absorvido completamente nestes últimos dois anos. E assim, tinha pensado em aproveitar os momentos mais calmos para por em dia aqueles pequenos cuidados essenciais tal como cortar unhas, limpar orelhas, desparasitar, dar remédio contra as bolas de pelo, isto tudo rodeado de uns mimos extras que ao longo do ano, por vezes, é mais difícil por em prática (parecendo que não, ao todo temos cento e oito unhas para cortar, doze orelhas para limpar, etc, etc, etc). Acontece, que, um dos factores que lhe fez não adoptar logo um de nós libertando assim, um pouco mais a sua mãe, foi a falta de condições, pois que se o dinheiro faz falta as condições também não são menos importantes. Para melhor entenderes o que estou a tentar descrever-te o problema resumia-se a que apesar de a casa ser muito agradável na opinião de qualquer felino, pois trata-se de um open space, o que quer isto dizer não ter portas em lado nenhum, não passa de um duas assoalhadas, em duplex, ou seja temos um pequeno quarto em cima, com acesso por umas escadas. O que como deves calcular torna-se engraçadíssimo para as nossas brincadeiras. A casa é muito gira mas, já vais entender o problema a que me refiro. Para além de não ter portas em lado nenhum, nem na cozinha, pois é uma quitchinette, nem no quarto que como te referi fica ao cimo de uma escada muito íngreme e estreita, nem no W.C. o que deveras é o máximo para nós gatinhos, que odiamos portas, o pior é quando surge uma situação de emergência, que como vais ver foi o que aconteceu (tal como já tinha sucedido com o tal gato siamês, o Pintas, que a dona teve que albergar no carro durante uma semana). Eu passo a explicar: Com a chegada de um novo gatinho a uma colónia de gatos já existente é necessário ir sociabilizando-os, aos poucos, com muito amor e carinho o que requer bastante tempo. Acontece que a juntar à falta de tempo juntou-se a falta de portas, que se existissem permitiriam à nossa dona, como sempre fez noutras ocasiões, deixar o recente visitante num quarto à parte e só os juntar quando ela estivesse por perto. O recente visitante era eu, se bem me estás a entender. A esta altura, Laura já deve estar a calcular não ter sido fácil para a minha dona conseguir harmonizar cinco gatas que se achavam donas e senhoras dos seus humildes quarenta metros quadrados com mais uma jovem e inconsciente gatinha que mal chegou se sentiu em casa e tudo quis bisbilhotar. Mas, e se eu te contar que para ajudar à festa, a gatinha em questão, ou seja eu, a tua irmã Ameixa, vinha com uma grande carga de constipação a que se dá o nome de ”Coriza “- constipação nos gatos que é altamente contagiosa entre nós e muito perigosa. Estás a ver a complicação, não estás. Pois foi Laura, querida, depois de tu te teres ido embora, eu apanhei um resfriado e fique muito constipada. E claro está que peguei a todas as gatinhas cá da casa. Só não peguei à dona porque não é contagiosa aos humanos. Agora imagina só, eu tinha acabado de chegar, era bem mais nova do que qualquer uma delas vinha como qualquer jovem gatinha, cheia de vontade de brincar e travar novas amizades. Mas deparo-me com o quê? Com umas gatas já mais velhas, algumas com mau feitio até e às quais ao fim de dois dias de cá estar peguei uma grande carga de “Coriza” coisa que elas nunca tinham tido. Como bem deves calcular se não tinham muita vontade de brincar comigo, ainda menos passaram a ter. Até a Picoly que, como já atrás te referi, era a que mais rapidamente se estava a relacionar comigo, em virtude de ser a mais nova, ao fim de uns dias também ela sucumbido à doença, e Laura, querida, só te conto que tive muito medo, pois ela esteve quase a patinar. Acho que de todas nós foi a que mais se foi abaixo. Chegou mesmo a desmaiar nos braços do dono. A dona, essa então, não sabia mais o que havia de fazer nem a quem socorrer primeiro, pois aos poucos como te digo todas nós ficamos constipadas, com muita febre, espirros, expectoração, os olhos a chorar, tosse e um grande mal-estar geral. Assim o mês de Agosto, da nossa dona foi passado a correr para o veterinário ora com uma, ora com outra, pois quando uma acabava o tratamento já outra começava a ficar doente. Quando tinha clientes para fazer levava-me no carro com ela pois não podia arriscar-se a deixar-me sozinha, em casa, com as outras. Entretanto, também fui esterilizada, tal como já te houvera contado. Assim já fiquei despachada. Correu tudo lindamente e fui muito bem assistida embora tenha ficado toda contente quando, no dia seguinte, vi a dona chegar ao Hospital, para me vir buscar. Fiquei muito feliz em saber que ia voltar para casa. Ainda fiz uma passagem por casa dos manos para os visitar e à nossa salvadora O mais complicado foi que, durante dez dias, para que eu não pudesse mexer nos pontos tive que andar com um colar à volta do pescoço que não me dava jeito nenhum. Segundo dizem os doutores veterinários é uma operação de pura rotina, sem riscos o que é necessário é ter muito cuidado com os pontos para não infectarem. E tu já fostes esterilizada? Os nossos manos também já foram e correu tudo bem com eles. Como são machos a esterilização é bem mais simples e nesse caso como não precisam de levar pontos nem chegam a usar o dito funil na cabeça. Sinto-me muito bem, faço a minha vida normalmente, sem incómodos alguns. Como, brinco e durmo as minhas sestas como qualquer outra gatinha. Com a vantagem, segundo diz a dona, de não ter de andar em desesperos e cheia de nervos aos gritos pela casa fora quando for mais velha. Como disse a parte mais incómoda foi a do chapéu que me enfiaram pela cabeça a baixo, parece que temos um abat-jour na cabeça. Mas seja como for mana, o pior é nos primeiros dias depois acabas por habituar- te e, no meu caso até já fazia corridas pela casa fora. Nunca deixei de brincar por causa disso. O grande problema da dona era que eu caísse das escadas a baixo e por isso nunca me deixava sozinha muito tempo. Engraçado, também, era na hora de ir dormir, a dona nunca sabia se ia dormir na sua cama ou no sofá, por vezes acabou dividida por umas horas entre ambos, pois com medo que eu caísse, normalmente ficava no andar de baixo, mas por vezes quando acordava já eu tinha subido para o quarto. E na realidade não adiantou de muito tanto cuidado pois eu acabei por cair na mesma. Foi logo no segundo dia da operação. Nem eu mesma sei bem explicar-te como foi. Pois estava a dormir. Acho que quando acordei virei para o lado errado e cai estatelada no meio da escada. Apanhei um grande susto, mas graças a Deus não me magoei muito. O pior foi depois. Quando caí a dona ficou muito aflita e deu um grito. Entretanto, eu desequilibrei-me e rolei o resto que faltava das escadas a baixo dando a dona um salto enorme para me socorrer. A Kitty Kitty que estava muito tranquilamente a dormir numa alcofa, em cima da mesa, assustou-se e rosnando, desatou a correr, arrastando ao mesmo tempo, atrás de si, o candeeiro que se encontrava na mesa, acabando este, por vir a cair em cima da cabeça do dono que estava deitado a ver televisão. Foi uma cena, só te conto. Mas agora, já está tudo bem mais calmo cá por casa. Já tenho amizade por todas elas e acho que elas também sentem o mesmo por mim. Aliás, acho que se deve passar o mesmo entre todos os seres do Universo, não achas? É sempre um pouco complicado, de início, estabelecerem-se novas amizades, mas como costuma dizer a nossa dona, com muito amor, carinho e compreensão acabam todos por harmonizar-se. E ao fim de um tempo, no nosso caso, sabe sempre bem ter-se mais um companheiro de folias. No meu caso Laura, sinto-me muito feliz a viver cá em casa. A nossa dona é muito carinhosa e compreensiva connosco, sabendo respeitar a independência e privacidade de uma gata só raramente ultrapassando o razoável com uns ataques, que às vezes, lhe dá de lamechices agudas em que me agarra e beija tanto que quase sufoco. Claro que eu não gosto lá muito, mas por vezes não o demonstro. Por outro lado, também, sei que por vezes exagero um bocadinho em relação às minhas brincadeiras acabando muitas das vezes por arrelia-la bastante. Mas nunca faço por mal, Laura. Juro-te, a ti, que és minha irmã que não é por mal. Normalmente as nossas desavenças costumam dar-se pelas manhãs, quando a dona está atrasada para sair de casa, é aí, que a nossa convivência se torna um pouco mais complicada. Já não é a primeira vez que aterro o meu focinho no pacote da manteiga dela. Também, por diversas vezes, a dona toma o seu leite depois de eu, discretamente, lá ter metido uma pata dentro (para verificar se estava bom). Houve uma vez em que a dona se zangou mesmo a sério comigo. E ralhou-me muito. Eu andava de volta dela e não a deixava fazer nada, aí, ela começou a chamar o meu nome muito alto. E eu continuei. Ela ralhou-me outra vez e eu fiz pior ainda, fugi para a varanda fui a um vaso de plantas e tirei a terra toda para fora. Aí, é que foram elas depois de já ter gritado o meu nome, vezes sem conta, chegou ao pé de mim e deu-me um açoite. Foi a primeira vez Laura. Fiquei tão sentida, não foi pela palmada, não sei explicar-te. Ela nunca se tinha zangado assim. Quando veio para cima para se vestir e me viu deitada no meio do chão, de pedra fria, como se de uma pobre gata, só e desamparada se tratasse, sim - porque sabes que quando é preciso apelar ao sentimento nós, os gatos, sabemos muito bem como o fazer – ficou com pena eu bem vi nos olhos dela. Mas também não me disse nada. Passou-me a mão pelo pêlo e foi-se embora. Há noite, quando chegou a casa, trazia uma prenda para nós brincarmos. Ela não me disse mas eu sei que a prenda era para mim. Isto tudo, porque todos os dias, quando a dona desce eu sei que ela vai - ao fim de milhões de voltas que dá - preparar o pequeno-almoço. Ora eu dou especial importância a essa refeição. E em tais ânsias fico que acabo por não saber o que faço não calculando bem os saltos que dou e acabando, muitas das vezes, como já te disse dentro da manteiga, por exemplo. De manhã, faço sempre qualquer coisa para conseguir a minha dose de levedura de cerveja. É que gosto mesmo daquilo. A dona coloca um pouco de leite num pires, só um pouquinho, porque se for em demasia faz-nos dor de barriga. O leite provoca diarreia nos gatos, sabias, alguns de nós quando crescidos não suportam a lactose do leite, percebes? Só os pequeninos é que podem beber e de preferência do leite das mães ou no caso de serem amamentados por humanos através de leite em pó (de marcas existentes próprias para gatinhos) mas como te dizia coloca um pouco de leite coberto de levedura de cerveja, aquilo sabe-me por demais. Na realidade o leite é só para ajudar na toma porque como a levedura de cerveja vem num pó muito fino com a sofreguidão, por vezes quase que sufocamos. A dona diz que me faz bem ao pelo, talvez por isso eu esteja tão lustrosa. Já ouve quem dissesse que mais pareço uma pantera negra. Gatalmente nunca me cruzei com nenhuma, mas se for parecida comigo, então, na certa é bonita, pois não é para me gabar, mas sou uma gata bem parecida. Apercebo-me, muitas vezes, quando vou à varanda que os gatos da vizinhança passam a vida a piscar-me os olhos. A princípio até pensava que os pobres teriam problemas na vista, Coriza, que tal como já te contei é um problema que afecta muito os gatos, especialmente os de rua, pois tanto piscar de olhos causava-me estranheza, mas agora percebo, são malandros sabes? Tu, sei que tens uma mancha branca na barriga, mas eu não, sou toda preta, tenho uns olhos, até, nem muito grandes, a Micas, por exemplo, tem uns olhos enormes a dona está sempre a dizer que ela tem olhos de Egípcia, na verdade tem uns bonitos olhos amendoados, eu não. Os meus são pequenos, mas, também têm uma particularidade, aliás daí o meu nome de Ameixa. Eu era para me chamar Josephine e outras coisas mais que me chamaram na altura, aquilo até parecia uma coisa de doidos Laura pois todos os dias a dona achava que eu tinha cara de uma coisa diferente. Como se tal pudesse acontecer. Mas, voltando aos meus olhos, eles são pequenos é verdade, amarelos como a maioria dos gatos, mas debruados a verde. O que segundo a dona, visto eu ser muito comprida e preta lhe fazia lembrar uma ameixa com o caroço com um laivo de verde. Melhor seria um abrunho, não? Mas, enfim. Assim, se decidiram por me baptizar de Ameixa. Noutro dia, a dona, de brincadeira, chamou-me uva. Eu olhei logo para ela de lado como quem diz: Vai chamar uva a outra. Ela calou-se. Normalmente, trata-me por menina Ameixa. No entanto, quando me encontra a dormir também sou carinhosamente chamada de bebé Ameixa, ou doce Ameixa. Ela diz que eu sou uma Ameixa muito doce. Outra brincadeira que eu gosto bastante de fazer e que descobri, logo nos primeiros dias, depois de cá estar em casa é de brincar com as campainhas de vento. A dona tem diversas espalhadas pela casa. Mas particularmente, uma que está pendurada, por cima da escada, é a que mais me diverte. Como te dizia, ao fim de uma semana de cá estar, certa vez que andava a brincar ao colo do dono, reparei naqueles berloques ali pendurados e com bastante perícia e persistência – quase tanta como a que a dona tinha tido para a conseguir colocar, precisamente de modo, a que nenhuma outra gatinha lhe chegasse - consegui ao fim de muitas tentativas arranjar maneira de, no 15º degrau da escada, esticando-me toda chegar à dita campainha ou espanta espíritos conforme lhe quiseres chamar. Foi demais Laura! Se tu visses os berloques a voarem em todas as direcções e a cantarem de alegria. Achei aquilo o máximo! Claro está que nunca mais me fartava da brincadeira. A dona, a princípio, também achou muito divertido pois – dizia: - nunca as ter ouvido tocar tanto. O pior foi quando no silêncio da noite, por volta das três, quatro e cinco da manhã, as campainhas voltaram a tocar. – Ameixa!!! – Era o que eles diziam, os dois em coro. O dono, claro está quis logo tirar dali para fora o raio do espanta espíritos, mas a dona, que o queria lá, achava que eu e a referida campainha de vento teríamos que nos habituar a conviver em harmonia. A dona é de opinião que devemos viver sempre em harmonia com o Universo. Claro está que ainda travámos umas quantas disputas. Aliás, quando estava irritada, era uma das coisas que mais me ajudavam a aliviar o stress. Chegava ao décimo quinto degrau, empertigava-me o mais que podia para lhe conseguir chegar e fazia aquilo girar em todas as direcções fazendo uma barulheira infernal. Durante um certo tempo funcionou como o meu sinal de protesto. Mas, hoje em dia, cá estamos as duas em pacífica convivência. A não ser, uns quantos, berloques a menos com que a campainha ficou. Também, uma vez, pela altura do Natal preguei uma partida à dona de que ela não se esqueceu mais, vou-te contar: Descobri que gosto de chocolate! Sabes como? Provando uns chocolates muito engraçados, em forma de bolas, embrulhados em papéis coloridos que por dentro são muito gostosos. Mas, deixa-me contar-te como tudo sucedeu: Como te dizia, por altura do Natal passado, a dona, recebeu muitas caixas dos referidos chocolates. Como ela é muito gulosa, ficou toda contente e espalho-as pela casa fora, tendo tido o especial cuidado de guardar uma caixa na sua mesa-de-cabeceira, local aliás onde por excelência ela gosta de ter sempre uns chocolates guardados. Ora como, bem sabes, eu tenho uma técnica já muito avançada de conseguir abrir as gavetas da dona. Ela é que ainda não sabia. Então aconteceu o seguinte. Na noite de passagem de ano, por altas horas da madrugada quando a dona chegou a casa ouvia-a comentar com o dono o seguinte: Não me cheira bem! – disse a dona. Ao que o dono respondeu: - Cheira mal. Afinal de contas gastas tanto dinheiro com rações especiais para as gatas e no fim dá no que dá. Sabes Laura que uma das vantagens de uma boa alimentação prende-se precisamente com o facto de os nossos dejectos se tornarem muito menos odoríficos e portanto menos incomodativos para os humanos. Raciocinando isto mesmo a dona pensou ter sido alguma outra coisa que as suas gatas tivessem comido. Mas, logo de seguida, lembrou-se que elas só comiam o que ela lhes dava e portanto continuava a questão do que seria que lhes tinha feito mal. Ora como elas só comem ração, ainda pensou que talvez fossem coisas da barriga da Cinzi que era dada a certos problemas. No entanto, de soslaio, também notou que a sua casa que deixara antes de sair bem limpa, como aliás, é seu costume estava agora com um ar um pouco sujo. Mas dado o adiantado da hora não mais se preocupou e subiu as escadas não pensando mais no assunto até ter chegado ao quarto e acendido a luz quando se deparou com o chão repleto de restos de pratas douradas e nalguns casos, mesmo, alguns sobejos de chocolates chupados, restando apenas de todos eles só as amêndoas que de facto não aprecio. Eu só não sabia é que o chocolate dava dor de barriga!... Pois é mana querida, vivendo e apredendo, só depois deste episódio é que vim a saber, pela minha dona, que me explicou que o chocolate contém uma substância que é altamente tóxica para os gatos. Assim como, muitos outros produtos existentes nas nossas casas, inofensivos para os humanos mas muito prejudiciais para nós gatos, podendo mesmo, vir a causar a morte do animal, tais como certas plantas de interior e exterior, flores e medicamentos. É preciso pois muita atenção. E em caso de dúvida pedir sempre o conselho de um médico veterinário. Existem aliás, já, algumas listas de produtos tóxicos para gatos. Convém estar atenta.